Sobre Raimundo Jinkings


Raimundo Jinkings (1927-1995), livreiro, jornalista e dirigente comunista, exerceu papel de relevo na história social, cultural e política brasileira, mais particularmente em Belém do Pará. 

Desde muito jovem trabalhando como jornalista e bancário, Jinkings dedicou-se às lutas de resistência dos trabalhadores contra a exploração capitalista e por sua emancipação econômica e política. 

Quando foi deflagrado o golpe militar de 1964, que objetivou impedir a transição de uma democracia limitada para uma democracia com ampla participação popular no país, ele era dirigente sindical bancário e presidente regional do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), órgão que centralizava e organizava em nível nacional as ações sindicais e políticas dos trabalhadores. Integrava também os quadros do Partido Comunista Brasileiro (PCB), tornado clandestino durante o regime militar. 

Como milhares de brasileiros no país, Jinkings foi preso, teve seus direitos políticos cassados e foi sumariamente afastado de seu emprego em um banco estatal, pelo Ato Institucional n. 5 (AI-5), de 13/12/1968, que intensificava o processo repressivo instaurado com a ditadura militar. 

Ao sair da prisão, buscou nos livros uma alternativa de sobrevivência. Leitor voraz, havia reunido em sua casa um rico acervo de livros, que comprava pelo reembolso postal, numa época na qual Belém carecia de livrarias. Foi esse contato próximo com editoras do sul do país que o converteu em seu representante na cidade, dando origem à Livraria Jinkings, ainda hoje um marco na vida cultural paraense. 

Na condição de livreiro, Jinkings exerceu importante atividade formativa e política, preservando seu espírito combativo mesmo diante de um Estado autoritário, que visava impedir a qualquer custo o pensamento emancipador. Converteu sua livraria em um ponto de encontro de estudantes, professores, artistas e intelectuais em geral, que buscavam ali não somente uma literatura crítica, mas também um espaço de discussão e reflexão sobre os rumos do país. 

Seu amor aos livros e sua luta política pela construção de uma sociedade igualitária foram as forças que impulsionaram e deram sentido a sua vida e ao seu itinerário de coerência e coragem.

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