sexta-feira, 3 de julho de 2015

Comissão da Verdade do Pará - depoimentos

A Comissão da Verdade do Pará vem desenvolvendo um trabalho respeitável.

Abaixo, os depoimentos de Isa Jinkings e de Hecilda Veiga, para a Comissão do Pará, no Seminário "As mulheres e a resistencia à ditadura no Pará"

Depoimento de Isa Jinkings na Comissão da Verdade do Pará


Depoimento de Hecilda Veiga na Comissão da Verdade do Pará

Também deram depoimento Aurilea Abelem, Dulce Rosa, Leila Jinkings  e outras Mulheres.


 
A comissão é composta por Renato Theophilo Marques de Nazareth Netto (da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos - Sejudh), João Lúcio Mazinni da Costa (Arquivo Público Estadual), Ana Michelli Gonçalves Siares Zagalo (Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social - Segup), Carlos Alberto Barros Bordalo (Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa), Egídio Machado Sales Filho (Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Pará), Marco Apolo Santana Leão (Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos), Paulo Cesar Fonteles de Lima Filho (Comitê Paraense pela Verdade, Memória e Justiça), Jureuda Duarte Guerra (Conselho Regional de Psicologia –PA/AP) e Maria Franssinete de Souza Florenzano (Sindicato dos Jornalistas do Pará - Sinjor).

  

Raimundo e Isa Jinkings, entre os livros e a resistência!

por Lígia Berna

 
A Assembleia Legislativa do Pará realizou mais uma oitiva da Comissão da Verdade do Pará, iniciando o seminário, "As mulheres e a resistência à ditadura no Pará", que estuda a violência contra mulher, com o Grupo de Trabalho - Gênero e Ditadura da Comissão Nacional da Verdade. Na tarde de ontem (26/02), a Comissão ouviu Maria Isa e Leila Jinkings, viúva e filha, respectivamente, do livreiro, presidente do Partido Comunista Brasileiro (PCB) no Pará e presidente da Central Geral dos Trabalhadores (CGT), Raimundo Jinkings, perseguido pelo Comando de Caça aos Comunistas na época da Ditadura Militar no Pará.
Durante a audiência foram relatados aos membros da Comissão, entre eles, a presidenta do Conselho Regional de Psicologia 10ª Região do Pará e Amapá, Jureuda Guerra, uma série de experiências vividas pela família Jinkings entre os anos de 1964 a 1985, entre os estados do Maranhão e Pará.
Raimundo Jinkings entrou para o Partido Comunista em São Luís. Na época, o livreiro era servidor público do Banco da Amazônia (Basa) e foi transferido para a capital do Maranhão, por ter escrito um artigo denunciando corrupção na gestão do então presidente do Basa, Gabriel Hermes. Em Belém, a polícia o prendeu diversas vezes por supostamente ter livros subversivos. “Eles levavam livros vermelhos, o livro “A Reunião” do Carlos Drummond de Andrade, que era de poesia, mas eles achavam que era comunista. Até livros sobre cubismo, a arte, eles acreditavam que eram de Cuba”, contou Leila Jinkings, filha do livreiro.
A livraria e a própria casa da família Jinkings, em novembro de 1979, foram atacadas com tiros, pedradas e até o carro de um dos filhos de Jinkings chegou a ser incendiado pelo Comando de Caça aos Comunistas, de acordo com o relato de Maria Isa Jinkings.
Maria Isa Jinkings, esposa de Raimundo Jinkings recorda que quando o Golpe Militar ocorreu, ele se escondeu na casa de um parente da família dela. “Ele ficou na casa de uma irmã minha por um tempo, mas depois foi para casa de um estivador chamado Miguel. O seu Miguel tinha 9 filhos e nenhum deles contou que Jinkings estava escondido lá. Ele só saiu de lá, porque precisou responder um processo no Basa por abandono de emprego. Meu irmão foi de madrugada buscar ele na casa do estivador. Ele chegou ir até minha casa para se despedir das crianças e de  mim. No outro dia, quando ele bateu ponto no Basa, deram voz de prisão para ele. E foi assim que ele foi para a 5ª Companhia de Guarda do Exército, que hoje é a Casa das Onze Janelas”, explicou Maria Isa, viúva de Jinkings.
Maria Isa mandava bilhete na tampa da garrafa térmica para o Jinkings e com isso eles tiveram uma correspondência particular. Ela recorda também que tinha que levar os filhos quando ia visitar Jinkings na 5ª Companhia de Guarda do Exército. “Enquanto meus filhos brincavam nos canhões do Forte do Presépio, eu sentava em um banco e lia a carta de Jinkinngs e chorava”, emociona-se.
Raimundo Antônio da Costa Jinkings nasceu em 05 de setembro de 1927, no município de Santa Helena, no Maranhão. E morreu no dia 25 de outubro de 1995. Ele teve cinco filhos com Maria Isa.
A Comissão da Verdade do Pará criada pela Lei Estadual 7.802 de 31 de março pretende escrever um relatório  para apurar graves violações de Direitos Humanos ocorridas durante a Ditadura Militar no Pará.
Lígia Bernar é Jornalista.
Fonte: http://crp10.org.br/noticia/comissao_da_verdade_do_para_as_mulheres_e_a_resistencia_a_ditadura_no_para
http://paulofontelesfilho.blogspot.com/2015/02/ligia-bernar-raimundo-e-isa-jinkings.html
Arte: Angelina Anjos baseado no http://raimundojinkings.blogspot.com.br/p/galeria.html

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