segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Caravana da Anistia

 92ª Caravana da Anistia, realizada pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça em Belém do Pará, em parceria com a Comissão Estadual da Verdade, Comissão de Direitos Humanos da OAB-PA e Comissão de Direitos Humanos da Alepa, apoiadas pelo Governo do Estado e UFPA



Na 92ª Caravana da Anistia, Raimundo Jinkings recebeu as homenagens viabilizadas pela Comissão da Anistia, juntamente com outros companheiros da luta de resistência à Ditadura. Foi representado por Isa Jinkings, a companheira de vida. 

Além de Jinkings, também foram representados por seus familiares, Paulo César Fonteles de Lima, João Carlos Batista, Benedito Monteiro, Carlos Sampaio, Rui Paranatinga Barata, Gabriel Pimenta, Cleo Bernardo, Itair Silva, Egydio Salles, Levi Hall de Moura, Roberto Martins, João Marques, Iza Cunha, Humberto Cunha, Cesar Moraes Leite, Raimundo Ferreira Lima, João Canuto de Oliveira, Isaac Soares, Cacica Terriwere Suruí, Virgílio Serrão Sacramento, Jocelyn Brasil, Sá Pereira, Ronaldo Barata, Heraldo Maués, Roberto Cortez, Mariano Klautau, Amado Tupiassu, Elias Pinto, Edson Luís, Antônio Jorge Abelém, Henrique Santiago, Newton Miranda, João Batista Filgueiras Marques, Irmã Doroty Stang e Edilson Araújo receberam as honrarias, assim como os professores e advogados José Helder Benatti, Girolamo Treccani, Egydio Sales Filho, Jorge Farias, João de Jesus Paes Loureiro, Marcelo Freitas, Hecilda Veiga, José Carlos Castro, Pedro Galvão, Aurélio do Carmo e Paulo Roberto Ferreira.



A comissão é composta por Renato Theophilo Marques de Nazareth Netto (da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos - Sejudh), João Lúcio Mazinni da Costa (Arquivo Público Estadual), Ana Michelli Gonçalves Siares Zagalo (Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social - Segup), Carlos Alberto Barros Bordalo (Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa), Egídio Machado Sales Filho (Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Pará), Marco Apolo Santana Leão (Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos), Paulo Cesar Fonteles de Lima Filho (Comitê Paraense pela Verdade, Memória e Justiça), Jureuda Duarte Guerra (Conselho Regional de Psicologia –PA/AP) e Maria Franssinete de Souza Florenzano (Sindicato dos Jornalistas do Pará - Sinjor). 

As Caravanas da Anistia consistemna realização de sessões públicas itinerantes de apreciação de requerimentos de anistia política acompanhadas por atividades educativas e culturais, promovidas pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. A Comissão é o órgão do Estado brasileiro responsável por reconhecer oficialmente o cometimento de atos de exceção,na plena abrangência do termo, contra brasileiros e estrangeiros,materializados em perseguições políticas e que ensejam o direito constitucionalmente assegurado à reparação. 
 
Trata-se de uma política pública de educação em direitos humanos,com o objetivo de resgatar, preservar e divulgar a memória política brasileira, em especial do período relativo à repressão ditatorial, estimulando e difundindo o debate junto à sociedade civil em torno dos temas da anistia política, da democracia e da justiça de transição.






 

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Comissão da Verdade do Pará - depoimentos

A Comissão da Verdade do Pará vem desenvolvendo um trabalho respeitável.

Abaixo, os depoimentos de Isa Jinkings e de Hecilda Veiga, para a Comissão do Pará, no Seminário "As mulheres e a resistencia à ditadura no Pará"

Depoimento de Isa Jinkings na Comissão da Verdade do Pará


Depoimento de Hecilda Veiga na Comissão da Verdade do Pará

Também deram depoimento Aurilea Abelem, Dulce Rosa, Leila Jinkings  e outras Mulheres.


 
A comissão é composta por Renato Theophilo Marques de Nazareth Netto (da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos - Sejudh), João Lúcio Mazinni da Costa (Arquivo Público Estadual), Ana Michelli Gonçalves Siares Zagalo (Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social - Segup), Carlos Alberto Barros Bordalo (Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa), Egídio Machado Sales Filho (Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Pará), Marco Apolo Santana Leão (Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos), Paulo Cesar Fonteles de Lima Filho (Comitê Paraense pela Verdade, Memória e Justiça), Jureuda Duarte Guerra (Conselho Regional de Psicologia –PA/AP) e Maria Franssinete de Souza Florenzano (Sindicato dos Jornalistas do Pará - Sinjor).

  

Raimundo e Isa Jinkings, entre os livros e a resistência!

por Lígia Berna

 
A Assembleia Legislativa do Pará realizou mais uma oitiva da Comissão da Verdade do Pará, iniciando o seminário, "As mulheres e a resistência à ditadura no Pará", que estuda a violência contra mulher, com o Grupo de Trabalho - Gênero e Ditadura da Comissão Nacional da Verdade. Na tarde de ontem (26/02), a Comissão ouviu Maria Isa e Leila Jinkings, viúva e filha, respectivamente, do livreiro, presidente do Partido Comunista Brasileiro (PCB) no Pará e presidente da Central Geral dos Trabalhadores (CGT), Raimundo Jinkings, perseguido pelo Comando de Caça aos Comunistas na época da Ditadura Militar no Pará.
Durante a audiência foram relatados aos membros da Comissão, entre eles, a presidenta do Conselho Regional de Psicologia 10ª Região do Pará e Amapá, Jureuda Guerra, uma série de experiências vividas pela família Jinkings entre os anos de 1964 a 1985, entre os estados do Maranhão e Pará.
Raimundo Jinkings entrou para o Partido Comunista em São Luís. Na época, o livreiro era servidor público do Banco da Amazônia (Basa) e foi transferido para a capital do Maranhão, por ter escrito um artigo denunciando corrupção na gestão do então presidente do Basa, Gabriel Hermes. Em Belém, a polícia o prendeu diversas vezes por supostamente ter livros subversivos. “Eles levavam livros vermelhos, o livro “A Reunião” do Carlos Drummond de Andrade, que era de poesia, mas eles achavam que era comunista. Até livros sobre cubismo, a arte, eles acreditavam que eram de Cuba”, contou Leila Jinkings, filha do livreiro.
A livraria e a própria casa da família Jinkings, em novembro de 1979, foram atacadas com tiros, pedradas e até o carro de um dos filhos de Jinkings chegou a ser incendiado pelo Comando de Caça aos Comunistas, de acordo com o relato de Maria Isa Jinkings.
Maria Isa Jinkings, esposa de Raimundo Jinkings recorda que quando o Golpe Militar ocorreu, ele se escondeu na casa de um parente da família dela. “Ele ficou na casa de uma irmã minha por um tempo, mas depois foi para casa de um estivador chamado Miguel. O seu Miguel tinha 9 filhos e nenhum deles contou que Jinkings estava escondido lá. Ele só saiu de lá, porque precisou responder um processo no Basa por abandono de emprego. Meu irmão foi de madrugada buscar ele na casa do estivador. Ele chegou ir até minha casa para se despedir das crianças e de  mim. No outro dia, quando ele bateu ponto no Basa, deram voz de prisão para ele. E foi assim que ele foi para a 5ª Companhia de Guarda do Exército, que hoje é a Casa das Onze Janelas”, explicou Maria Isa, viúva de Jinkings.
Maria Isa mandava bilhete na tampa da garrafa térmica para o Jinkings e com isso eles tiveram uma correspondência particular. Ela recorda também que tinha que levar os filhos quando ia visitar Jinkings na 5ª Companhia de Guarda do Exército. “Enquanto meus filhos brincavam nos canhões do Forte do Presépio, eu sentava em um banco e lia a carta de Jinkinngs e chorava”, emociona-se.
Raimundo Antônio da Costa Jinkings nasceu em 05 de setembro de 1927, no município de Santa Helena, no Maranhão. E morreu no dia 25 de outubro de 1995. Ele teve cinco filhos com Maria Isa.
A Comissão da Verdade do Pará criada pela Lei Estadual 7.802 de 31 de março pretende escrever um relatório  para apurar graves violações de Direitos Humanos ocorridas durante a Ditadura Militar no Pará.
Lígia Bernar é Jornalista.
Fonte: http://crp10.org.br/noticia/comissao_da_verdade_do_para_as_mulheres_e_a_resistencia_a_ditadura_no_para
http://paulofontelesfilho.blogspot.com/2015/02/ligia-bernar-raimundo-e-isa-jinkings.html
Arte: Angelina Anjos baseado no http://raimundojinkings.blogspot.com.br/p/galeria.html

domingo, 10 de maio de 2015

Dia das Mães em 64




(...)E mais do que tudo isso, sabes que continuo tranqüilo, aguardando serenamente o pronunciamento da justiça do meu País. A vida é isso mesmo. A história não segue uma linha reta. Ela é feita de avanços e recuos. A minha profunda fé nos destinos da Pátria conduziu-nos a essa separação momentânea. Nunca aceitei a tese de que tudo no Brasil estava perdido. Que a época era do salve-se quem puder. Quis dar a minha contribuição. Não fiquei indiferente às grandes lutas do povo. Não poderei, portanto, por um simples incidente na vida, descrer do futuro glorioso de minha Pátria. Reexamino todas as minhas posições e não encontro razões ponderáveis para renegá-las. Continuo o mesmo homem, com o mesmo sentimento patriótico. Sei que outro não é o teu pensamento, pois os teus princípios cristãos, que sempre respeitei e admirei, são bem diferentes dos "daquela gente que nos olha de cima para baixo, vai à missa ou se ajoelha nos templos, veste a opa nas procissões ou beija as mãos dos Ministros do Senhor, brilha nas devoções ou priva com o clero. Pessoas que enchem de fel a vida do próximo, acusam de iniqüidades os pequenos, e espremem até o sangue o coração dos seus semelhantes,” Esse tipo de cristãos que Ruy Barbosa brilhantemente retratou é o que, infelizmente, ainda atua no Brasil de forma cínica e descarada. Os jornais diariamente refletem o caráter desse tipo de gente. (trecho de carta de Jinkings no dia das mães para Isa, enviada da prisão)

Eis a íntegra:

Isa, minha querida,

Somente eu posso avaliar, em todas as proporções, o teu desejo, o teu empenho e, sobretudo, a tua grande preocupação em saber as minhas primeiras notícias. Sei que muito andaste. Creio que imploraste desesperadamente. Mas o teu esforço, a tua dedicação de esposa e mãe carinhosa e a tua sempre solidariedade humana foram recompensados. Sabes onde estou. Sabes que estou vivo. E mais do que tudo isso, sabes que continuo tranqüilo, aguardando serenamente o pronunciamento da justiça do meu País. A vida é isso mesmo. A história não segue uma linha reta. Ela é feita de avanços e recuos. A minha profunda fé nos destinos da Pátria conduziu-nos a essa separação momentânea. Nunca aceitei a tese de que tudo no Brasil estava perdido. Que a época era do salve-se quem puder. Quis dar a minha contribuição. Não fiquei indiferente às grandes lutas do povo. Não poderei, portanto, por um simples incidente na vida, descrer do futuro glorioso de minha Pátria. Reexamino todas as minhas posições e não encontro razões ponderáveis para renegá-las. Continuo o mesmo homem, com o mesmo sentimento patriótico. Sei que outro não é o teu pensamento, pois os teus princípios cristãos, que sempre respeitei e admirei, são bem diferentes dos "daquela gente que nos olha de cima para baixo, vai à missa ou se ajoelha nos templos, veste a opa nas procissões ou beija as mãos dos Ministros do Senhor, brilha nas devoções ou priva com o clero. Pessoas que enchem de fel a vida do próximo, acusam de iniqüidades os pequenos, e espremem até o sangue o coração dos seus semelhantes,” Esse tipo de cristãos que Ruy Barbosa brilhantemente retratou é o que, infelizmente, ainda atua no Brasil de forma cínica e descarada. Os jornais diariamente refletem o caráter desse tipo de gente.