domingo, 2 de março de 2014

Lembranças dos sábados na Livrariazinha, por Salomão Laredo

A IMPORTÂNCIA DO LIVRO E DA LEITURA
Guerreiras. elas começaram na LIVRARIAZINHA JINKINGS: Ana Letícia e Annelise Miléo, as meninas leitoras de Santarém, estão agora no Teatro em Curitiba

Salomão Larêdo, escritor e jornalista
Ana Letícia e Annelise no colo de Salomão



Na década de 1980, objetivando ajudar na formação do leitor crítico e analítico a Livraria Jinkings abriu um espaço específico e adaptado para as crianças, denominado “Livrariazinha” e lá, convidado, começamos, com os donos da ideia e da livraria: seu Jinkings, dona Isa, Leila, Varico, Toninho e todos os funcionários, aos sábados, os processos de cooperar na formação do leitor crítico. 


As manhãs eram cheias de atrações para a criançada e seus pais, para o importante, salutar e necessário contato com o livro, a leitura. 

Lá, as crianças ouviam histórias, contação de casos e sobretudo de socialização, a conexão do ser humano com a vida nos livros, as ideias e tudo o mais que a cultura e a leitura desencadeiam. Foi uma novidade em Belém e um sucesso enorme. Lá, muita gente surgiu, descobriu se tornou leitor e ledor. 

Lembro que nessa época, aos sábados, nosso programa que sempre foi ir a uma livraria, passamos - meu, de Maria Lygia e do nosso filho Filipe – especificamente a frequentar a Livrariazinha e nesse empenho, alegria e prazer, recordo que numa manhã de sábado, lotado de crianças, estavam lá duas garotas de Santarém, que acompanhadas da mãe Ana Helena e da tia Anacacilda e elas, mocorongas – Annelise e Ana Leticia - desinibidas, cantavam e contavam coisas de seu lugar e então começamos um interação e uma amizade que perdura até hoje. 

As meninas, como mostra a foto, sentaram no meu colo e juntos, cantamos essa linda música do querido maestro Isoca, santareno que é a Lenda do Boto:


LENDA DO BOTO

Letra e Música: Wilson Fonseca (1954)
Quando boto virou gente
Pra dançar num puxirum,
Quando boto virou gente
Pra dançar num puxirum,
Trouxe o “olho”, trouxe a “flecha”,
Trouxe até muiraquitã.
E dançou a noite inteira
Com a bela cunhantã.
Um grande mistério na roça se faz:
Fugiu cunhantã com o belo rapaz!...
... E o boto, ligeiro, nas ondas sumiu,
Deixando a cabocla na beira do rio...
Se alguém lhe pergunta:
“Quem foi teu amô?”
Cabocla responde:
“Foi boto, sinhô!”


Depois as meninas retornaram a Santarém, onde, muitas vezes fui em razão do trabalho de formação do leitor pelo programa “ O Liberal na Escola” e lá, a Anacacilda levava as meninas e ficava sabendo do progresso das queridas amigas e leitoras que ajudam a tia num programa cultural numa emissora e ficava contente sabendo que elas avançavam nos estudos. Depois, perdemos contato e num dos círios, em Belém, Anacacilda fez contato e passamos a nos falar por e-mail e agora elas estavam em Curitiba, para estudar artes cênicas.

(publicado originalmente no blog de Salomão Laredo)