sexta-feira, 21 de setembro de 2007

PROFISSÃO DE FÉ

"Temos direito a uma vida decente e
próspera, porque trabalhamos e produzimos.
E, por esse direito, devemos lutar a vida inteira,
hoje como ontem, amanhã e depois.
Esse dia virá, temos certeza. Tudo dependerá
de nós, de nossa persistência, de nosso idealismo e,
sobretudo, de nossa união".

R. A. Jinkings
O Flash - 10/08/53

In Memoriam. Das muitas homenagens de Jocelyn

In Memoriam

Éramos quantos?
Queríamos dar um jeito no mundo.
Éramos do PSB, do Cléo Bernardo.
Queríamos melhores dias
para os que trabalhavam
pela grandeza do Brasil.

Queríamos que o preço do pão...
Queríamos que a passagem dos ônibus...
Queríamos que os exportadores de castanha...
Queríamos a Paz.Queríamos a Petrobrás.
Queríamos a Amazônia para nós.

E não queríamos o
acordo militar Brasil–Estados Unidos.

Forças maiores se atravessaram
em nosso caminho.

O preço do pão,
o preço da passagem de ônibus
continuaram a subir.
As descascadeiras da castanha
continuaram sendo dispensadas.
A Petrobrás periclitou.
A Petrobrás ficou.
Mas não tão segura quanto
sonhávamos

Os quantos da década de 50
já não somos tantos.
Morreu o Cléo,
morreu o Zébezerra,
morreu o Barcessat,
morreu o Acácio,
morreu o Diogo.

Poucos ficaram de pé.
Estão aí dois que sobraram,
tendo mudado de trincheira.
Do Socialismo Democrático,
fugimos para o Socialismo Científico.

Há mais de quarenta anos
que ele e eu
temos caminhado ombro a ombro,
com outros tantos utopistas,
nas lutas democráticas.
Nos fizemos comunistas
cerrando fileira
ao lado de outros companheiros.

Morreu Rui Barata,
morreu o Levy Hall de Moura,
morreu o Serrão de Castro,
morreu Humberto Lopes.

Ficamos os dois
e mais uns tantos
no cotidiano
das baionetas da reação.

Ele, firme, valente,
corajoso, impávido,
sempre ali na linha de frente.
Eu a seu lado, intermitente.
Continuamos comunistas,
fiéis a Karl Marx,
mas traídos
por alguns equivocados.

Somos PC.
Ele, Raimundo Jinkings
– afirmou Vitor Pires Franco –,
é líder das lutas democráticas
no Pará.

Foi perseguido,
humilhado,
vilipendiado,
sem jamais arredar o pé,
um instante sequer,
do caminho por onde
decidiu trilhar seus passos.

A história esquece de muitos homens dignos.
Não costuma reverenciar a todos aqueles
que dedicaram suas vidas à luta
pelo bem comum.

R. A. Jinkings viveu uma vida prenhe de dignidade.

Jocelyn Brasil
(Entre as letras e as baionetas: a trajetória de Raimundo Jinkings)

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Feliz Aniversário, Jinkings!


Neste cinco de setembro revolvo alguns documentos de Raimundo Jinkings com a intenção de comemorar seu aniversário de nascimento posto que mais de uma década de sua partida não apagaram as marcas de sua existência entre nós em face de sua exemplar figura de líder coerente e equilibrado diante de destacados episódios da política nacional e paraense como ente de relevo no protagonismo do movimento político de esquerda que abraçou e que lhe credenciou como pródigo pregoeiro no caminho de uma sociedade de Justiça Social e Fraternidade de cujas lutas que foram ainda mais realçadas nos anos de chumbo tanto por seus atos de firmeza e de coragem como pelas palavras que espalhava aos quatro cantos do seu amplo universo militante seja pelos livros que distribuía com preciosos saberes a instrumentar os companheiros de luta seja pelas colunas publicadas na mídia paraense em que falava com segurança e propriedade de opinião aos leitores muitas vezes tolhidos em seus direitos em face da ação do obscurantismo e ávidos de informações e orientação segura como aquelas de inspirado artigo que escrevera em 15 de março de 1985 para O Liberal comemorando o início da Nova República pelo que ela representava de avanço na inauguração de um novo patamar construído através de um pacto social que no seu dizer “se originou do maior movimento de massas de todos os tempos com o povo nas ruas exigindo mudanças e repudiando definitivamente qualquer tentativa de dar continuidade ao mais longo e brutal obscurantista período de nossa história” e que se tornou vitorioso pela luta de mais de 20 anos contra a tirania a despeito dos setores sectários da esquerda que se negavam a somar esforços na condução e construção do novo tempo a empunhar “a equivocada teoria do ‘tudo ou nada’ do nem Maluf nem Tancredo apostando no impasse” e reforçando os objetivos espúrios daqueles que tramavam criar um “clima propício para mais um golpe militar reacionário violento” que ele já antevia ser novamente articulado com a “política de dominação do imperialismo americano” para viabilizar o retorno ao obscurantismo que tantas vidas patrióticas ceifou e que poderia ganhar força como resultado daquilo que Jinkings costumava atribuir à “doença infantil do esquerdismo” de suas leituras leninistas sobre as eras revolucionárias e que ainda hoje faz parte do nosso cotidiano político em que “revolucionários” lulofóbicos reforçam posições dos eternos oposicionistas golpistas e do projeto midiático de poder numa enorme incompreensão do processo de avanço para um novo patamar político com a eleição e reeleição de Lula que guarda coincidente semelhança com a infantil resistência e com as preocupações do camarada Jinkings naquele já longínquo e tancredista ido de 1985 e em outras datas e outras letras em que sua visão e equilíbrio políticos e seu grande amor à causa do Socialismo lhe fizeram sábio e merecedor da nossa admiração e de nossa vontade de sempre lhe homenagear como lhe estamos mais que justamente homenageando neste cinco de setembro.
  (Sidnei Pires)